Por Felipe Rocha
RIO DE JANEIRO (O Repórter) - Darren Aronofsky é um diretor que acostumou seu público a filmes com cenários feios, sujos e confusos, com suas personagens vivendo nesse ambiente hostil. Em “Cisne Negro”, porém, o visual é bonito, tudo é bem limpinho e arrumado. De primeira pode até parecer um choque, mas logo percebe-se que toda a confusão que ele normalmente coloca no visual do filme está lá, só que nas personagens.
O mundo criado por Aronofsky impressiona. Constantemente utilizando o contraste entre o branco e o preto, o diretor consegue criar uma atmosfera densa, na qual a profundidade das personagens será trabalhada. Além disso, cada movimento de câmera é mais bonito que o anterior e as sequências de dança, algo que poderia ser cansativo, são simplesmente um prazer para os olhos.
A intensidade com que o diretor trabalha cada personagem é ampliada pelo elenco, em perfeita sintonia. Winona Ryder aparece para uma pequena, porém explosiva participação. E se Vincent Cassell demonstra perfeitamente a ambigüidade de seu Thomas e Barbara Hershey é a personificação da loucura misturada com amor materno, é Mila Kunis quem realmente surpreende, talvez porque era de quem menos se esperava. A atriz interpreta a bailarina unindo safadeza e delicadeza de modo a quase fazer com que o público goste dela. Mas isso seria impossível porque ela está num papel antagônico a Natalie Portman. E Portman é brilhante.
Interpretando a bailarina Nina, Natalie Portman dá uma aula de atuação a muita gente grande. E se todas as outras personagens do filme são dúbias e têm características opostas, a protagonista não seria diferente. Ao mesmo tempo em que é meiga e doce, Portman vai transformando Nina em uma mulher brutal e violenta, encarnando o próprio Cisne. Tudo é tão espetacular que arrisco dizer que, junto com Charlize Theron em “Monster – Desejo Assassino” (2003) e Felicity Huffman em “Transamérica” (2005), Portman entrega a melhor atuação feminina do Século XXI.
É até decepcionante que “Cisne Negro” tenha sido indicado a apenas cinco Oscars, quando merecia muito mais. E se o brilhante roteiro foi revoltantemente ignorado, Darren Aronofsky foi lembrado na categoria de direção, assim como também houve menções nas categorias de melhor fotografia e melhor montagem. Entretanto, o filme deve perder todas as três (para “O Discurso do Rei”, “A Origem” e “A Rede Social”, respectivamente). E se a vitória como melhor filme parece distante, os fãs de "Cisne Negro" – e do cinema – estão tranqüilos porque Natalie Portman, melhor do que as outras quatro concorrentes juntas, irá vencer o prêmio de melhor atriz. A não ser que os votantes gostem mais de zebra do que de cinema.
Assim como a grandiosidade de “A Rede Social” é frequentemente diminuída a “filme do Facebook”, “Cisne Negro” sofre ao ser chamado de “filme de balé”, quando, na verdade, o balé é só o pano de fundo para algo maior. Bem perto do final, Nina diz: “eu estive perfeita”. Uma frase que resume o filme.
Cisne Negro
(Black Swan, 2010)
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Mark Heyman,Andres Heinz,John McLaughlin
Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Barbara Hershey, Winona Ryder, Vincent Cas
(Black Swan, 2010)
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Mark Heyman,Andres Heinz,John McLaughlin
Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Barbara Hershey, Winona Ryder, Vincent Cas
Fonte: http://www.oreporter.com/detalhes.php?id=41450
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