Museu das Minas e do Metal
Conheça as ideias que guiaram a concepção do museu e as atrações que compõem o conjunto expográfico
“Minas Gerais é um coração de ouro em peito de ferro”.
Com estas palavras que atravessaram os tempos, o engenheiro francês Henri Gorceix, que, em 1876, implantou a Escola de Minas de Ouro Preto, a primeira escola de estudos mineralógicos, geológicos e metalúrgicos do Brasil, descreveu as Minas Gerais.
A relação da história do estado de Minas Gerais com a riqueza de suas minas e recursos é intrínseca e marcante desde as origens. Por esta razão, mais do que um acervo, o Museu das Minas e do Metal de Belo Horizonte se propõe como o memorial de um processo, do desenvolvimento econômico de um estado. Além de colocar a metalurgia em perspectiva histórica, o novo espaço cultural desvenda o papel do metal na vida do homem, ilustrando sua diversidade, características, processos produtivos e sua inserção no imaginário coletivo. Os metais são os elementos de maior diversidade no universo químico: entender o metal, os minérios e os seus componentes, significa entender o motor fundamental não somente da industrialização e do desenvolvimento de uma sociedade, mas também da vida.
O público. Os jovens de hoje serão os pesquisadores, exploradores e engenheiros de amanhã. Com este intuito, o Museu das Minas e do Metal foi pensado para despertar e satisfazer o interesse dos jovens e de todos os visitantes em relação à história da mineração e da metalurgia. O Museu aborda este universo proporcionando vivências dinâmicas, lúdicas e interativas. As temáticas cientificas, históricas, geográficas, químicas, biológicas e culturais são narradas de forma envolvente e original. Assim, a visita ao museu complementa e ilustra os currículos escolares, além de se propor como uma relevante visita turística e cultural da cidade e sua história.
O prédio. O Museu das Minas e do Metal não somente doa à cidade um novo espaço cultural, como também devolve a seus antigos esplendores um prédio que é patrimônio histórico da cidade de Belo Horizonte. Dentro das iniciativas culturais e científicas pensadas para a Praça da Liberdade, a operação de restauro respeita os materiais e pinturas originais. O conceito da museografia também dialoga com a estrutura pré-existente do prédio, valorizando e exibindo ao público o resultado do trabalho meticuloso da equipe de restauro.
Consciente da importância do patrimônio material da cidade, parte do Museu das Minas e do Metal é voltado a ilustrar a história do prédio, em associação com a história de Minas Gerais e Belo Horizonte.
AS INSTALAÇÕES
São 18 salas de exposição e cerca de 50 atrações. Veja o que traz cada uma delas e deixe sua curiosidade ainda mais aguçada.
Matéria Prima. Rochas e minerais são a matéria prima da superfície terrestre. O nosso conhecimento sobre a origem deles e do mundo é relativamente recente e por séculos alimentou mitos e lendas. Toda forma de vida na terra se alimenta dessa herança fundamental que são os recursos minerais do planeta.
Hoje sabemos que o universo se originou pelo menos 10 bilhões de anos atrás, quando, devido a condições de temperatura e pressão extremamente elevadas, ocorreu uma explosão chamada Big Bang.
E foi aquela explosão que desencadeou a formação dos elementos, rochas, planetas, além dos metais e minerais que nos constituem. Tudo isso nasceu no interior de uma gigante estrela vermelha, que de alguma forma nos constituiu. Retomando a célebre frase do astrônomo americano Carl Sagan, podemos afirmar que “somos feitos de estrelas”. Por isso precisamos cuidar delas e do nosso planeta.
Esta sala abre o roteiro de visitação, imergindo o visitante em uma experiência envolvente e surpreendente.
MUSEU DAS MINAS
Uma nova museografia, um novo recorte conceitual e um novo espaço doam nova vida à coleção de mineralogia Djalma Guimarães.
A nova leitura conceitual estabelece relações históricas, econômicas e visuais dentro do acervo, elegendo as 11 principais Minas da História de Minas Gerais. Assim, as minas ganham vida e são apresentadas através de personagens ficcionais ou personagens históricos que foram marcantes para a história de Minas Gerais. O Imperador Dom Pedro II, o Barão de Eschwege, Dona Beja, Chica da Silva, entre outros guiam o visitante em uma viagem através da história, geografia, química, mineralogia, do patrimônio cultural das Minas Gerais, pincelando também seu desenvolvimento econômico, do ciclo do ouro ao avanço da indústria de microprocessadores.
Mapa das Minas. Um mapa interativo das jazidas minerais ilustra a evolução histórica da atividade metalúrgica mineira, do período colonial até o presente. Sensível ao toque, o mapa se transforma na interação com o visitante, apresentando de forma didática os “Caminhos das Minas”: das antigas explorações aos grandes pólos da produção atual, dos caminhos históricos, como a Estrada Real, às atuais "Ferrovias do Aço".
Sala das Minas. A história das minas e as particularidades de seus minérios ganham vida através de personagens fictícios e históricos. São onze vídeo-instalações, em parte interativas, introduzindo ao visitante fatos conhecidos e curiosidades sobre as Minas Gerais. Um hospede de expressão, o Imperador Dom Pedro II desce em um elevador virtual até as profundezas da terra, revelando as raízes do Brasil e seus fundamentos ideais. Dona Beja conta a história da fonte que leva o seu nome, o homem de lata tira uma lição filosófica e moral de improváveis experimentos químicos, um bandeirante descreve suas empreitadas, o descobrimento de pedras preciosas e o desbravamento das terras do interior.
As onze minas são o pano de fundo deste passeio pelas raízes da historia e da exploração metalúrgica.
Inventário Mineral. Uma rica coleção de minerais é apresentada em gavetas interativas. Abrindo-as, o visitante descobre os minerais contidos, além de vídeos e textos explicativos revelando informações e curiosidades sobre cada minério ou derivado.
Miragem. Como em uma miragem, algumas peças de destaque do acervo flutuam no ar. Graças a um jogo de espelhos côncavos, os minérios e seus derivados bóiam no meio da sala, ao alcance das mãos, que não conseguem tocar neles.
Chão de estrelas. "Todo o material pedregoso ou metálico que nós estamos pisando, o ferro do nosso sangue, o cálcio do nosso dente, o carbono dos nossos genes, foi produzido há bilhões de anos atrás, no interior de uma gigante estrela vermelha. Somos feitos de estrelas", Carl Sagan
Inspirado nessas palavras do astrônomo americano Carl Sagan, no fim do percurso do Museu das Minas está um céu às avessas. Neste planetário invertido, lunetas e telescópios apontam para o chão, ao invés de olhar para o céu. Como microscópios, ampliam os minérios até mostrar seus detalhes em dimensões épicas.
Atravessando um piso elevado de vidro iluminado, o visitante descobre, sob seus pés, os minérios, as pedras preciosas e as pepitas.
MEIO AMBIENTE
Qual é o impacto da mineração? Para responder a esta pergunta fundamental, a sala mostra o ciclo de vida de uma mina próxima a Belo Horizonte. O que existia na região antes do início das operações das minas, como se dá a exploração da mina e como acontece a recuperação da área, quando a mina é desativada. O fato é que apesar de seu impacto indelével no meio ambiente, as minas podem ser ecologicamente corretas, o desenvolvimento econômico pode conviver com a preservação ambiental.
O livro das leis. O ciclo da mineração é regulamentado por uma série de leis e decretos que definem os direitos e os deveres da mineração. É importante que os cidadãos conheçam os princípios que regulam esta importante atividade. Por isso, as leis são sintetizadas e mostradas na sala em um grande “livro do meio ambiente”.
O bebê. O homem precisa da mineração para todas as atividades, tanto industriais, quanto domésticas. E não somente isso: metais e minerais estão presentes no corpo humano e precisam ser repostos constantemente através da alimentação. Um plasma mostra uma estimativa do consumo de um bebê brasileiro em termos de metais, minerais e recursos naturais, durante a sua vida.
Djalma Guimarães. A figura do grande geólogo Djalma Guimarães, ocupa a última sala do Museu das Minas. Sua biografia e paixão pelos metais são ilustradas através de um vídeo.
O professor Djalma Guimarães foi um dos pioneiros das ciências da terra e é considerado o geoquímico brasileiro mais eminente do século XX. Professor emérito, ensinou na Escola de Minas de Ouro Preto e na Universidade Federal de Minas Gerais por mais de 35 anos.
MUSEU DO METAL
A visita prossegue no piso superior, onde se encontra o Museu do Metal.
A tabela periódica. No século XIX, Dimitri Mendeleev, um jovem químico russo, formulou uma tabela que organizava os elementos químicos conhecidos até então em um sistema coerente e válido em sua essência ainda hoje. Graças a um sistema de animações e tecnologias de ponta, o retrato de Mendeleev se anima para contar em primeira pessoa esta e outras descobertas.
Em volta dele, um sistema de tubos metálicos, luzes e projeções torna tangível a tabela periódica de elementos químicos. Ao se tocarem, os tubos produzem sons e projetam no chão o símbolo químico correspondente. A sala introduz o visitante ao universo dos metais.
As ligas e compostos. Raramente os metais são usados em seu estado puro. Na maioria dos casos, se fundem uns com os outros, criando ligas e compostos. A combinação dos metais e sua percentagem criam ligas com características diferentes e coerentes com o uso do metal na vida cotidiana e na indústria. Um vídeo revela os processos de fusão e geração de novos metais.
Do lado do vídeo, um fluido ferroso ascende contra a força de gravidade, dando vida a formas fluidas e esquisitas que se transformam e fluem em movimentos dinâmicos e orgânicos. As esculturas de ferro líquido mostram como um processo industrial e as novas tecnologias podem também ter aplicações artísticas. As esculturas são o resultado da interação de um magneto com um óleo enriquecido de partículas magnéticas. Longe de parecerem processos tecnológicos e industriais, as esculturas mutantes lembram a energia da pulsação dos fluidos nas formas de vida reais.
Língua afiada. Uma enorme cronologia narra a história do homem sob um novo prisma, desconstruindo as clássicas divisões da historiografia e estabelecendo novos ciclos metafóricos.
O domínio dos metais e das técnicas de trabalhá-los define as épocas históricas. São oito metais e oito períodos, que englobam as idades dos metais já estabelecidas historicamente – cobre, bronze e ferro – sugerindo outras criadas a partir da importância dos metais no imaginário e na mudança no cotidiano da sociedade: chumbo, prata, ouro, platina e silício. A narração é construída através da fusão entre palavras e imagens, da Era do Cobre até o presente. No centro do espaço, está uma língua imponente, uma superfície escultural que enfatiza as principais qualidades do metal, sua maleabilidade e o seu brilho.
Janelas para o mundo: passado, presente e futuro. Os metais estão presentes em cada momento da vida humana, de forma protagonista ou silenciosa. É assim desde a pré-história, quando o homem aprendeu a trabalhar a pedra, o sílex, e criar armas e utensílios.
Nesta sala se abrem janelas focando o uso dos metais no passado e no presente, além de seus possíveis desenvolvimentos futuros. Um corredor de imagens ilustra o emprego dos metais e sua evolução, focando temas como arte, cotidiano doméstico, medicina, telecomunicações, entre outros. Fundamental para nossas vidas, o metal é presente desde a construção urbana às próteses corporais, dos transportes às trocas comerciais, da eletricidade à medicina, das artes à comunicação.
Estações interativas. As propriedades dos metais e seus processos de produção e manipulação inspiram esta instalação pensada para permitir o contato direto do público. Da ourivesaria à condutividade energética, do magnetismo à sua organização molecular, da reciclagem à corrosão, o metal está aqui para ser descoberto pelo visitante.
Mesa dos átomos. Os elementos químicos se compõem para dar vida ao mundo como o conhecemos. Neste jogo interativo, o visitante une os elementos químicos para formar compostos mais complexos. Uma tela revela se o composto existe e quais são suas aplicações.
Vil metal. Quantas gramas de ouro eram necessárias para comprar um litro de leite em 1875? E quantas são necessárias hoje? Por séculos, o ouro foi usado como padrão monetário e seu valor tem mudado com a história.
Esta instalação interativa é uma tabela de conversibilidade do ouro em épocas diversas. O público escolhe uma data e uma commodity como, por exemplo, milho, cana, petróleo, água mineral, gado, escravos etc. descobrindo o seu valor através do tempo.
Logística. Uma mina não é apenas uma mina: os minérios extraídos dela precisam ser transportados, transformados, comercializados, transportados novamente e, em alguns casos, exportados. Essas operações implicam uma logística complexa e uma estrutura maior que a mina de extração.
Uma grande maquete exemplifica os processos e as operações logísticas de uma mina. Em uma bancada oval, o público pode interagir e vivenciar estas experiências graças a uma interatividade não virtual, mas real. Por exemplo, poderá movimentar uma escavadeira para extrair pedra da mina, transportá-la ao alto forno, carregá-la em um trem e em seguida embarcá-la em um navio.
Adorno do corpo. Desde tempos remotíssimos, o homem usa os metais como adornos. Nesta instalação interativa, há uma coleção de jóias representativas de diversos períodos, dos antigos egípcios, aos incas, dos maias, aos astecas, até o piercing. Graças a um jogo de espelhos, o público experimenta virtualmente as jóias mais preciosas de todas as culturas.
Vale quanto pesa. Os metais são fundamentais para a vida cotidiana, estando presentes em todas as atividades cotidianas. O fato é que eles estão presentes em nossos corpos também. Através de uma balança, um banco de dados de laboratório e uma imagem infravermelha do calor emitido pelo corpo humano, a última atração do Museu revela ao visitante uma estimativa da quantidade de metais que cada pessoa carrega de acordo com seu peso
Museu da Minas
Museu do Metal